FAÇA AMOR, NÃO
FAÇA CHAPINHA
O seu corpo conta a sua
história. Cada arranhão, tatuagem, cicatriz ou cabelos grisalhos. Falando em
cabelos…
por Alysson Augusto
Do Ano-Zero
Quando o seu cabelo
está longe de ser aquele das propagandas de produtos de beleza, você passa a
achar incômodo andar por aí usando o cabelo como veio ao mundo. Na verdade,
esse problema costuma surgir na adolescência. É nessa época conturbada que
aquela adolescente de cabelos longos e cheios de molinhas muda absurdamente o
que pensava até então de seus cabelos, quando a dizem que um liso escorrido é
tão mais lindo que aquele cacho que ela tanto se pegou, distraída, enrolando
nos dedos.
Enquanto meninas são
constantemente empurradas a aceitar o liso como o ideal, um dos problemas que
surgem quando você tem cabelos grandes e enrolados, caso você seja um rapaz
decidido a esticar seus cachos, é ser acusado de “desviante”, “boiola” ou
qualquer coisa considerada anormal. Mesmo assim, em busca de aceitação, você
passa a fazer da chapinha uma regra que inicia o seu dia-a-dia.
E os olhares à sua
volta te ensinam a entender que, se você alisar tão bem a ponto de parecer liso
natural, não haverá qualquer problema nisso. Afinal, além de evitar que
suspeitem de você, você agora realmente acredita que a beleza de cabelos lisos
supera, sem chance de dúvida, qualquer beleza daqueles cabelos que desde cedo
te disseram serem “rebeldes”, “indisciplinados”, necessitados de “controle” ou
que simplesmente precisam serem “domados”.
Quando você finalmente
percebe que essa constante tentativa de ser outra pessoa é frustrada, você
decide jogar tudo pro alto. Você passa a dizer a si mesma, a todos os
julgamentos alheios e às propagandas que tentavam ditar como você deveria
parecer: “DANE-SE!”. O formato dos fios que brotam do seu couro cabeludo,
embora possam indicar traços da sua personalidade, não podem resumir quem
você é.
E cabelos cacheados,
crespos, ondulados ou pixaim são você, são parte dessa coisa complexa que você
chama “eu”. Cultivar seus cabelos, independentemente do tamanho, forma, cor ou
volume é aceitar a sua identidade neste mundo, reconhecer que você é uma pessoa
tão especial a ponto de existir apenas uma de você, com detalhes próprios que
somados formam a sua existência e, acima de tudo, a sua personalidade – alguém
que se reconhece enquanto ser digno de respeito e de beleza neste mundo.
Você precisa perceber
que sua identidade depende da aceitação de quem você realmente é, para finalmente
entender melhor essa coisa chamada “liberdade”. A liberdade de ter a sua
própria aparência, de se expressar de forma genuína e própria perante o mundo,
de assumir a identidade que sua genética te deu e mostrar que a única vergonha
que você deve ter na cara é a de um dia ter acreditado nas coisas ruins que
diziam sobre as suas madeixas.
Se o seu corpo conta a
sua história, seus cabelos são parte dela. E que tal contar uma história de
amor? Ao contrário da chapinha que se vai, seus cabelos permanecem envolvendo
carinhosamente o seu corpo até depois de sua morte. Ame os seus cabelos!
Leia a matéria completa em: Faça amor, não faça Chapinha - Geledés
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