quinta-feira, 20 de novembro de 2014

20 DE NOVEMBRO/2014 - ENTENDA O PORQUÊ DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


          Talvez você esteja pensando: Consciência negra? Por que precisamos de um feriado para entender que todos merecem respeito? Viva o dia da consciência humana! E eu lhe digo: você está certo. Mas enquanto o Dia da Consciência Humana não chega, aliás, para que esse Dia da Consciência Humana seja uma realidade, é preciso reconstruir nossa visão e nossa forma de pensar sobre o outro, reconhecendo e valorizando as diferenças, encarando-as como um dos pontos fortes do nosso país. Afinal, será que Brasil seria tal como o conhecemos se considerássemos que apenas os descendentes de europeus (brancos) é que contribuiriam na sua formação e no seu desenvolvimento?  E eu lhe pergunto ainda mais: dá para pensar o Brasil ignorando a contribuição dos diferentes povos que aqui vivem? São brancos, são negros, indígenas, orientais, etc. etc.
          Aí, talvez você retruque: mas se é para termos o Dia da Consciência Negra, então também temos de definir o Dia da Consciência Branca, o Dia da Consciência Vermelha (para os índios), o Dia da Consciência Amarela (para os orientais). Até pode ser uma boa ideia, assim, ninguém se sentiria ignorado ou “desrespeitado”, não é?
          Mas, se você me permite, convido-o para me acompanhar durante esse breve raciocínio. Para começar, eu pergunto: quando você pensa em negros, quais são as primeiras ideias ou imagens é que vêm à sua mente? Não, não precisa responder! E eu me atrevo a lhe fazer mais uma pergunta: dessas ideias ou imagens em que você pensou, quantas são positivas, ou seja, quantas delas representam os negros como pessoas comuns, iguais aos brancos, aos orientais?
          Se você pensa como a maioria dos brasileiros (incluindo-se aí também os próprios negros), é capaz de entender o porquê de ainda precisarmos de um Dia da Consciência Negra. E você também há de concordar que um dia é pouco para que possamos parar durante alguns momentos e nos colocar no lugar do outro,  e refletir sobre as reais condições em que vive a maioria da população negra neste país.  Por acaso, você já se perguntou e teve curiosidade de saber:
  •   Por que é que a maioria da população que mora nas favelas é negra?
  •     Por que a maioria dos presidiários é negra ou parda?
  •    Por que é comum que os negros nem apareçam nas telenovelas, nos programas de tv, nos filmes brasileiros? (Será que é por que os negros são tímidos e não gostam de aparecer na telinha nem telona, mas apenas nos noticiários da criminalidade e da violência?)
  •  Por que muitos casais se recusam a adotar crianças negras, mesmo quando são recém-nascidas?
  •  Por que é comum encontrarmos moradores de rua negros e pardos? (Ou você já algum que fosse loiro e de olhos azuis?)
  •  Você acha que os apelidos usados para se referir aos negros têm o mesmo peso que aqueles usados quando se trata de brancos?
  • Por que é que mesmo quando se referem aos negros de forma positiva, muitas pessoas usam um mas, do tipo: Ele é negro (ou ela é negra), mas é trabalhador/a, é honesto/a, é limpinho/a?
  • E mais: imagine a cena em que um policial, fazendo batida, tem de optar por parar um veículo  com um motorista branco ou um com motorista negro. Qual você acha que ele vai parar, hein?!
          Acredito que agora você entende o porquê do Dia da Consciência Negra. E ainda que muitas pessoas brancas ou amarelas não entendam, podemos dizer que essa é uma das poucas oportunidades que a população negra tem de vir a público e denunciar as más condições de vida a que se veem condenadas, simplesmente porque sua cor, sua pele, os seus cabelos, enfim,  o seu biótipo são vistos pela maioria das pessoas como obstáculos, como sinais de inferioridade.
          Assim como Martin Luther King, nós,  os/as negros/as, os/as pardos/as, os indígenas sonhamos com um o momento em que possamos comemorar, porque todos os dias serão O DIA DA CONSCIÊNCIA HUMANA. Nesse dia, nós, os negros, não precisaremos vir a público para reafirmar nossa humanidade, nossa identidade,  para dizer que somos capazes, que somos, sim, brasileiros, porque, primeiramente nossos ancestrais e antepassados, e agora nós ajudamos a construir o Brasil, porque este é o nosso país!
          Também fazemos questão de que os conteúdos escolares não fiquem apenas repetindo que nossos ancestrais foram sequestrados de seu país de origem, que foram escravizados, que isso, que aquilo que aquilo outro. Hoje, amparados pelas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, conquistamos o direito de que a história e a cultura de nossos ancestrais, os africanos, sejam ensinados e aprendidos por todos os alunos. Mas, para que isso ocorra, precisamos contar com sua colaboração, Professor e Professora. Portanto, pense carinhosamente em nós quando forem elaborar seus Planos de Trabalho Docente, suas aulas, quando forem selecionar os autores, as obras, os conteúdos a serem ensinados.
          E, para finalizar, eu lhe digo:  não queremos ser tratados de forma diferente, mas sim, usufruir dos mesmos direitos de todas as pessoas, independentemente de cor de pele, de cabelo, de religião.
          Como disse Bob Marley: Não preciso ter ambições. Só tem uma coisa que eu quero muito: que a humanidade viva unida... negros e brancos todos juntos.
Se você aceita construir conosco esse sonho, acredito que não precisaremos de muitos outros DIAS DA CONCIÊNCIA NEGRA.

Obrigado por ter aceito o desafio de me acompanhar durante esse quase “diálogo”!

                                          Equipe Multidisciplinar do Colégio Estadual Olavo Bilac

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