quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Pajerama: da floresta à selva de pedra. Esse vídeo nos dá a oportunidade de refletir sobre a modernidade, o progresso, a diversidade, a cultura, enfim.

https://www.youtube.com/watch?v=BFzv0UhHcS0

Quando nem tudo é o que parece... Ou seria o inverso?! Só mesmo vendo o vídeo para descobrir!


Lima Barreto refletia em suas obras o preconceito racial, a pobreza, a truculência militar e a hipocrisia que cercavam as relações da sociedade republicana no início do século.


Cada povo cria seus mitos, suas lendas, na tentativa de dar sentido e entender o mundo à sua volta.


Você sabia que o Brasil vai sediar os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas? Assista à reportagem e fique por dentro do assunto.


Vamos entender o porquê de os índios pintarem o corpo.

PINTURAS CORPORAIS INDÍGENAS


Por: Amaré Brito
Pintura corporal da etnia Kayapó feita de Genipapo.

Em nosso país nós indígenas estamos presentes em diversos lugares com muitas características iguais, mas cada um com sua história e cultura diferente, essa é a nossa maior riqueza.
Dentre as diversas formas de mostrarmos nossa cultura, uma muito predominante é a pintura corporal. Sempre estamos pintados e, talvez por isso, as pinturas corporais sejam nossos traços culturais mais conhecidos. Mas, você sabe como nossa tinta é feita? O que ela significa?
As nossas tintas para as pinturas tradicionais são feitas das mais diversas formas. A mais conhecida é preparada através do jenipapo (fruta muito apreciada pelos povos indígenas). Ele é retirado verde e seu líquido é extraído, em contato com a pele se transforma em uma tinta preta que se fixa na pele por até duas semanas. É interessante lembrar que essa tinta não sai sem que se passe no mínimo uma semana. Existem etnias que usam a semente de Urucum que solta uma tinta vermelha na pele, há etnias que usam barro e também outras formas de tinta especificas para as pinturas corporais que as vezes são feitas de uma forma especifica para cada grupo, por exemplo a pintura usada nas crianças são diferentes das usadas por adultos, ou ainda etnias que os homens têm uma pintura distintas das mulheres.
Jovem indígena pintado com Urucum

Os significados dessas pinturas são os mais variados onde cada etnia tem suas próprias representações e simbologias. Por exemplo: Temos pinturas que são utilizadas em comemorações, outras são de nossos rituais sagrados. Há aquelas que demonstram nossos sentimentos desde os mais felizes até as de quando estamos revoltados e indignados pelos diversos problemas que enfrentamos, mas o importante é saber que cada povo tem suas pinturas próprias e cada uma dessas pinturas tem um significado único, de acordo com a expressão cultural de cada um desses povos.
http://www.indioeduca.org/?p=1269 

Conforme afirma Viveiros de Castro, "No Brasil, todo mundo é índio, exceto quem não é". Eu me atrevo a completar que, no Brasil, todo mundo também é negro, exceto quem não é.

VOCÊ É INDÍGENA?


Lembro da primeira vez que me perguntaram isso, eu tinha oitos anos, estava na escola brincando e acabei cortando meu joelho. Encontrei próxima a mim uma erva que servia para cicatrização, lavei e coloquei no pequeno ferimento.
Uma coleguinha da mesma idade me olhava assustada e perguntou curiosa: “você é índia? Como sabe que essa planta serve para isso?” Indagou-me. Eu falei que minha avó conhecia as plantas, sempre fazia remédio para as pessoas, gostava de cuidar das pessoas e também rezava as pessoas para elas não ficarem doentes.
Naquela época eu não entendia muito bem porque as pessoas sempre Naquela época eu não entendia muito bem porque as pessoas sempre ficavam surpresas com essa informação, de ser indígena, mestiça ou não. Eu me perguntava por que havia algo diferente no meu mundo que de alguma forma não parecia ser o mesmo mundo dessas pessoas. Porque ficavam tão surpresas? Era sempre motivo de alguma brincadeira ou comoção geral. Vivi grande parte da minha infância e pré-adolescência camuflada na multidão da cidade, mas mesmo assim às vezes surgia essa mesma pergunta: “você é indígena?”, e outras como: “Você é mestiça? Alguém é índio na sua família?”.
Na escola me ensinavam como eram os índios, o que comiam, como viviam e todas essas coisas. Havia sempre alguma piada relacionada à nudez ou aos nossos rituais sagrados. Quando falavam sobre pajelança, parecia tão distante da realidade, sempre algo muito afastado do mundo deles e para mim sempre algo muito próximo, eu acabava corrigindo alguns professores e nesse momento percebiam minha identidade.
Pensando nisso que resolvi escrever esse texto, afinal o que é ser indígena?
Para o não índio é totalmente diferente, a imagem estereotipada ainda prevalece em muitas mentes, como desconstruir isso? Somos motivo de encanto, fascínio e medo. Caminhamos lado a lado nas ruas da cidade e ainda assim somos desconhecidos por essa sociedade. Fazemos parte do mesmo país embora tenhamos diferentes culturas, estamos em todos os lugares, em comunidades ou cidades, carregando no sangue o canto da nossa nação. Não é possível compreender o que é ser indígena, olhando no museu nossos objetos sagrados, nossas fotos, nossas roupas, grafismos, instrumentos, cerâmica, artesanato ou buscando uma pureza racial dos livros de historia. É preciso vivenciar.
Nas salas de aula ao professor é dado esse desafio, nossa educação é através do exemplo, da vivência. Assim educamos e somos educados em nosso dia a dia. É impossível para os alunos compreender o valor de uma cultura sem vivência-lá. O aluno deve primeiramente compreender que ela não está afastada geograficamente, que ela não vive apenas em um lugar e que ela se transforma, não é imutável e sim viva. Ela não é uma cultura, mais muitas culturas e que não somos um povo, mais muitos povos.

Você também ainda pensa que índio é o indivíduo que mora na floresta, vive nu e caça de arco e flecha? "Sabe de nada, inocente?"

Índio mora em oca?!

Será que isso ainda existe? Onde moram hoje? São capazes de morar em apartamento?

        Quinhentos e onze anos atrás, quando a nossa Terra mãe foi invadida, alguns povos indígenas moravam em lugares diferentes: casas feitas de palha, madeira. Cada família tinha sua casa.
        Em pleno século XXI, há quem acredite que índio, para ser índio, tem que morar nessas respectivas moradias (ocas) e em algumas aldeias ainda há famílias que residem nesse tipo de habitação.
        Todavia sabemos que o mundo gira em torno da globalização, e nós, indígenas (assim como qualquer outra pessoa), somos predispostos a aderir a tais avanços se julgarmos necessários para a facilitação de nossas vidas.
        A sociedade brasileira tem mudado com relação as suas moradias, muitos moram em prédios, ou em casas menores e ainda encontramos os ribeirinhos que fazem suas residências em beiras de rios. Muitos de nós, povos indígenas, também vivem nas suas aldeias, em casas de tijolos, cobertas com telhas ou em casas feitas com barro e cobertas com folhas de buriti ou de outras palmeiras. Ainda tem índios que moram em grandes apartamentos próprios ou alugados, em geral em metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro.
        Assim como cada país ou região tem a sua forma típica de moradia e procuram melhor para o conforto de sua família, assim também somos nós, os povos indígenas, todavia a cultura permanece viva, independente do lugar em que vivemos ou estamos. O que faz o índio ser índio não é a moradia em si, mas a tradição e rituais que se revive a cada dia, as lembranças fortes repassadas de pais para filhos, seja em ocas, casas urbanas ou apartamentos. Uma vez índio, sempre índio.